Brasão

O brasão é um emblema heráldico medieval que tem origem como forma de identificação nos escudos de batalha, representando instituições, famílias ou indivíduos. Nas abadias, o brasão desempenha um papel essencial, indo além de uma simples insígnia, tornando-se uma marca distintiva e um símbolo eloquente da comunidade monástica, pois carrega consigo a história, os valores e devoções da abadia, transmitindo a identidade do mosteiro, os traços marcantes dos abades e o carisma característico da Ordem, que moldaram a sua existência ao longo dos séculos. Dessa forma, o brasão representa a continuidade da história do mosteiro e atua como um símbolo unificador, evocando a essência da comunidade monástica e seu compromisso com os valores que orientam suas ações no presente.

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Brasonamento

Brasão: Escudo Francês Medieval, esquartelado, com a peça de 1ª ordem representando uma cruz retilínea romana em prata (argento), no centro da qual se encontram duas alianças entrelaçadas em laranja (orange).

Nos cantões do chefe, à direita e à esquerda da ponta, sobre o campo em preto (sable), há uma banda xadrezada em prata (argento) e vermelho (gules), respectivamente.

Nos cantões da ponta, à direita e à esquerda do chefe, sobre o campo em azul (blau), encontra-se uma concha em prata (argento).

Atrás do escudo, está posicionado transversalmente um báculo pastoral abacial em ouro (jalde), que empunha e hasteia um véu em prata (argento).

Acima do escudo, há uma mitra abacial em prata (argento), com seu interior em vermelho (gules), ornada com duas faixas que se encontram, uma horizontal inferior e outra vertical centralizada, ambas em ouro (jalde). Da mitra pendem duas ínfulas em prata (argento) com franjas em ouro (jalde), cujas extremidades ladeiam o escudo, uma de cada lado.

Sob o escudo, encontra-se um listel em prata (argento) e ouro (jalde), dividido em suas extremidades. A inscrição latina central “GLORIARI IN CRUCE” está em letras maiúsculas na cor azul (blau), sendo ladeada pelas datas de 1936 à direita do chefe e de 1950 à esquerda, ambas também em azul (blau), e separadas da inscrição por cruzes páteas em vermelho (gules).

Significados

O brasão heráldico da Abbatia B. M. V. ad Sanctam Crucem em Itaporanga, estado de São Paulo, Brasil, traz consigo profundos significados que refletem a história e os valores fundamentais da comunidade monástica.

O escudo, seguindo o formato Francês Medieval, ostenta uma cruz romana em prata (argento), simbolizando a dedicação do Mosteiro de Itaporanga à Santa Cruz, cuja festa é celebrada a 14 de setembro, Solenidade da Exaltação da Santa Cruz.

No centro da cruz romana, encontramos duas alianças entrelaçadas em laranja-dourado (orange), que remetem ao brasão do vere claustrum Beatae Mariae Virginis, ou seja, a Abadia de Himmerod na Alemanha, casa-mãe da Abadia de Itaporanga. Essas alianças representam a importância do crescimento harmônico e da unidade, mesmo nas coisas mais modestas.

Os campos superiores e inferiores em preto trazem, cada um, uma banda xadrezada em prata (argento) e vermelho (gules). Essa representação tem origem na figura de São Bernardo de Claraval, fundador tanto da Abadia de Claraval quanto da Abadia de Himmerod, cuja família adotava a banda xadrezada como seu símbolo heráldico.

Já os campos superiores e inferiores em azul (blau) apresentam uma concha prateada (argenta) cada um. Esse elemento é uma clara referência à devoção mariana do Mosteiro de Itaporanga, inserido na Ordem Cisterciense, na qual todos os mosteiros são dedicados à Virgem Maria. O azul representa o manto da Virgem e a concha alude ao ventre que gerou a pérola que é Cristo. Adicionalmente, esses campos e a concha prateada também remetem a São João Batista, o padroeiro de Itaporanga, que batizou Jesus nas águas azuis do Rio Jordão.

Finalmente, o lema inscrito no listel abaixo do escudo, Gloriari in Cruce, remete-nos à exortação de São Paulo no versículo 14 do Capítulo VI da Carta aos Gálatas. Nesta passagem, o Apóstolo nos conclama a gloriar-nos apenas na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, através da qual o mundo está crucificado para nós e nós para o mundo. Este lema é um lembrete constante da vida em Cristo crucificado, em que encontramos vitória.

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