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Os Santos Fundadores

A Ordem Cisterciense foi fundada por três grandes homens de Deus, São Roberto de Molesmes, Santo Alberico e Santo Estêvão Harding, abades. São Roberto, que encabeçou a fundação, desejava ardentemente viver o Evangelho observando com perfeição a Regra de São Bento. Santo Alberico, seu sucessor, provado na escola de Cristo, amava a Regra e os irmãos. Santo Estêvão, terceiro abade de Cister, que amava a Regra e o lugar, deu aos irmãos a norma da Ordem: viver sob uma mesma caridade, uma mesma regra, e os mesmos costumes.

Os Fundadores de Cister

Os Santos Roberto, Alberico e Estêvão fundaram o Novo Mosteiro em Cister, na atual França, em 1098.

São Roberto de Molesme

Foi consagrado por sua piedosa mãe à Santa Mãe de Deus e, aos quinze, recebeu o hábito monástico em São Pedro de La Celle. Nomeado prior, logo foi eleito abade pelos monges de São Miguel de Tonnerre; mas como não conseguiu conduzi-los na vida regular de um mosteiro, como era seu desejo, renunciou ao abaciado, passando, por conselho do Romano Pontífice e após o breve priorado que exerceu em Santo Aigulfo, a governar como abade, com o consentimento de seus superiores de La Celle, para alguns eremitas que viviam na floresta de Colan, um local bastante inóspito que, em pouco tempo, tiveram que ser transferidos para Molesme. Aqui, passado e superado a pobreza avassaladora dos primeiros anos do mosteiro, sempre crescendo a fama de seu abade, alcançou um rico florescimento de homens e posses. Muitas senhoras piedosas, e até o próprio São Bruno,
fundador da Ordem Cartusiana, com seus discípulos, recorreram por algum tempo aos ensinamentos do bem-aventurado Roberto para progredirem em sua vida espiritual. 
Mas, com o influxo das coisas temporais, o espírito do mundo foi introduzido nesse claustro e a Regra não era mais observada de acordo com o fervor que o santo pai fundador e seus discípulos mais próximos exigiam. 

Levantada a causa e, com o favor do Legado Pontifício, alguns passaram a Cister. O bem-aventurado abade, para alcançar agora o que tanto procurara em sua juventude e sempre fora o objetivo de suas maiores aspirações, não hesitou, mesmo fraco em seus anos, em abandonar seu trabalho de elevação e florescimento de Molesme para recomeçar, a partir dos mesmos fundamentos, este novo edifício espiritual. Mas, os monges de Molesme estavam entregues a ruína que se avizinhava com a perda de um pastor tão bom; eles o reivindicaram perante o Romano Pontífice e, humilde e obediente, inclinado pela ordem do Vigário de Cristo e seu legado na França, o santo abade teve que voltar a Molesme e, apesar de sua idade, se entregou com todas as suas forças ao rebanho que Deus lhe confiou. 

Sempre ávido durante toda a existência por uma vida verdadeiramente monástica, e procurado por todos como superior e moderador de suas almas, ele entregou seu espírito a Deus aos 83 anos, em 17 de abril de 1111, ou talvez mais provavelmente depois de 29 de julho de 1110. Enterrado na igreja, seu sepulcro brilhou por muitos anos com todos os tipos de milagres, o que o fez ser beatificado more antiquo por Honório III em 1222.

Santo Alberico

Foi um dos primeiros monges do mosteiro de Molesme, e prior deste mesmo mosteiro durante alguns anos. Homem instruído, bom conhecedor das coisas divinas e humanas, amante da Regra e dos irmãos. Depois de muitos anos passados na observância da Regra de São Bento com mais mitigações do que seu desejo e propósito gostariam, reuniu-se com alguns irmãos e, especialmente com o apoio de seu superior, Roberto, trabalhou com esforço constante para alcançar o objetivo da transferência desse pequeno grupo para as florestas de Cister. Por causa dessa iniciativa, teve que suportar muita oposição e certos desprezos por parte de outros monges da comunidade, sofrendo até mesmo com o isolamento da prisão e os açoites destinados aos rebeldes e contumazes. Finalmente, tendo
alcançado o que os seus desejos pretendiam, com o abade Roberto de Molesme na liderança, dirigiu um pequeno grupo ao Novo Mosteiro, onde Alberico também desempenhou o priorado. 

Depois de algum tempo e após o retorno de Roberto a Molesme por obediência papal, Alberico foi escolhido para sucedê-lo na direção do Novo Mosteiro. Naquela ocasião, para evitar no futuro as dificuldades que surgiriam à pequena comunidade e ao seu novo projeto de vida monástica, com o conselho dos irmãos, enviou dois deles à Roma para solicitar um privilégio da Santa Sé. Protegidos, então, pelo chamado “Privilégio Romano”, eles conseguiram, sem dificuldade, praticar integralmente e sem obstáculos o que haviam proposto ao deixar Molesme, desconsiderando costumes e observâncias que, em sua opinião, não se harmonizavam com as prescrições da Regra. Sob a direção de Alberico, foram escritas aquelas que seriam as primeiras constituições da nova congregação monástica. O Novo Mosteiro, embora em condições de grande pobreza, com a solicitude pastoral e as iniciativas do Santo Pai Alberico, em pouco tempo e com ajuda divina, cresceu sem cessar em perfeição e se difundiu a sua fama e progresso material. No entanto, uma certa tristeza pairava sobre o servo de Deus e seus monges, porque, embora aumentassem seus desejos de transmitir a seus sucessores aquele tesouro de graças e virtudes que haviam encontrado e que tirariam tanto proveito na salvação de muitos, por causa da grande dureza da vida que ali ocorria, era raro que novos varões com desejos de santidade, se juntasse a eles em um projeto tão novo. Parece que essa situação foi certamente permitida por Deus para provar sua constância. 

Forjados alegremente pela observância regular naquela Escola de Cristo por nove anos e meio, o bem-aventurado Alberico, neste dia do ano de 1109, voou para o seio de Deus, transbordando com a glória de sua fé e suas virtudes. Seu santo corpo, como um grão de trigo semeado na boa terra da fé e na esperança de toda a comunidade, foi sepultado à sombra da igreja daquele mosteiro, que ele havia governado de maneira tão louvável e que, no futuro, tanta glória deveria dar a Deus e à igreja monástica, embora não pudesse tê-lo visto em vida.

Santo Estêvão Harding

De nacionalidade inglesa este jovem monge de Sherborn, Estevão Harding deixou seu mosteiro, viajou pela Escócia e Irlanda e se mudou para a França. Depois de vários anos dedicados ao estudo das letras, tocado pela graça, começou a peregrinação a Roma, junto com outro companheiro chamado Pedro. No caminho de volta, a providência divina os levou a Molesme, onde, movidos pela santidade da vida ali observada, foram admitidos. Mais tarde, quando a questão da restauração da disciplina monástica estava tomando forma, Estevão foi um dos que abraçou o projeto de maneira mais entusiasmada e participou da delegação enviada ao arcebispo de Lyon para obter a aprovação do projeto. 

Muito observador da Regra e apaixonado pela solidão de Cister, foi eleito abade deste lugar com a morte de Santo Alberico. A igreja e o mosteiro eram novos, as posses pequenas, mas bem organizadas, a comunidade não muito numerosa, mas muito unida no
mesmo ideal. Desde o início, as doações eram numerosas; benfeitores frequentemente vinham ao mosteiro; a comunidade já estava vivendo com mais folga. É por isso que nosso abençoado pai, temendo ver a experiência negativa de Molesme renovada em Cister, decidiu, de comum acordo com os 
outros monges, impedir o duque da Borgonha e outros senhores de estabelecer sua corte no mosteiro e, além disso, eliminar do culto litúrgico tudo o que poderia ser motivo de ostentação e superfluidade. Logo foi visto o fruto eficaz dessas medidas, daí surge o clamor de triunfo do pequeno Exórdio: “Nesses tempos, a Igreja de Cister aumentava seus bens, vinhedos, prados e granjas, e o fervor monástico também crescia em conjunto”. Santo Estêvão ordenou uma revisão da Bíblia e uma recopilação dos Santos Padres; o antifonário de Metz e o hinário de Santo Ambrósio de Milão foram transcritos sob sua inspiração. Tudo estava preparado, mas os noviços desejados não chegavam; a ansiedade e a falta de pessoal abalaram entre esses pioneiros a fiel observância da Regra, embora todos fossem homens de experiência. Mas Deus, por outro lado, já tinha preparado a renovação; no mês de abril de 1112, Bernardo e seus trinta companheiros povoaram o noviciado e encheram seus corações de alegria. Foi só o começo. A partir de 1113, a colmeia, já cheia demais, teve que enxamear; e, para garantir o futuro da interpretação cisterciense da Regra, Santo Estêvão redigiu a “Carta de Caridade”. Apesar da solicitude exigida pela comunidade cada vez mais numerosa, Santo Estevão permanecia o homem com um rosto franco e sorridente, com uma palavra cheia de afabilidade, com a alma sempre alegre no Senhor. A interpretação que ele deu à Regra foi totalmente espiritual, assim, por exemplo, a respeito do silêncio da noite, ele procurava tranquilizar a sua alma, e desde as Completas até a Prima do dia seguinte, deixava desprendidos todos os seus cuidados e preocupações. Esse espírito regulou e moldou a formação de São Bernardo e das primeiras gerações cistercienses.

Enfraquecido pelos trabalhos e enfermidade, renunciou ao cargo abacial e, alguns meses depois, em 28 de março de 1134, adormeceu na paz do Senhor. A Ordem Cisterciense que ele havia consolidado contava com setenta e cinco abadias consagradas em honra a Nossa Senhora.

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