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Igreja de São João Batista

A história da Igreja e da Paróquia de São João Batista é muito anterior à chegada dos monges cistercienses alemães em Itaporanga no ano de 1936. Ela remonta ao ano de 1855, quando o frade capuchinho italiano, Pacífico de Montefalco, levando a cabo sua missão evangelizadora para com os habitantes da região, ergue uma capela e torna-se o primeiro Vigário da Paróquia de Itaporanga, então denominada São João Batista do Rio Verde, cujas terras, então parte da Vila de Faxina (hoje Itapeva – SP), foram doadas pelo Barão de Antonina, João da Silva Machado, à diocese de Sorocaba.

Em meados de 1936, todavia, a Igreja de São João Batista, que havia sido palco de crimes por motivos políticos, foi demolida a pedido do bispo de Sorocaba, Dom José Carlos de Aguirre, que então se preparava para a recepção dos cistercienses alemães, não apenas para cultivar as terras, conforme a espiritualidade beneditina e a tradição da Ordem Cisterciense, mas também para dar assistência religiosa aos paroquianos que, na época, estavam desprovidos de matriz paroquial, contando apenas com a Capela do Bom Jesus.

Capela de Sao Joao Batista do Rio Verde
Capela de Sao Joao Batista do Rio Verde 2

Antiga Capela de São João Batista do Rio Verde, demolida em meados da década de 1930.

A construção de uma nova Igreja de São João Batista foi planejada pelos monges alemães já na década de 1940, mas apenas foi iniciada em novembro de 1959, com a bênção da Pedra Fundamental dada por Dom José Carlos de Aguirre, após a inauguração da ala do noviciado em 1957. O projeto é de autoria do renomado arquiteto alemão Prof. Albert Bosslet, o qual inspirou-se em uma de suas obras principais: a Abadia Beneditina de Münsterschwarzach, também situada na Alemanha. O projeto também foi idealizado em estilo predominantemente neorromânico, destacando-se não apenas pela imponência de sua proporção, mas também por sua sobriedade característica das igrejas abaciais medievais da Ordem Cisterciense, as quais presavam pelo esquivamento de estímulos visuais que distraíssem os monges do centro da celebração: a Eucaristia e a Palavra de Deus
Dr. Albert Bosslet
Projeto para Itaporanga Dr. Albert Bosslet

Professor Dr. Albert Bosslet e o seu desenho da fachada da Igreja de São João Batista.

A construção da Igreja de São João Batista foi realizada quase completamente com materiais regionais, selecionados meticulosamente por Ir. Nivardo Nüdling, irmão converso e mestre de obras do Mosteiro, o qual deu ao projeto sua característica e estilo final. Já os mais de 1.000.000 de tijolos, exuberantemente harmoniosos, foram fabricados pelo próprio Mosteiro na Olaria do Mosteirinho de São José, sob a supervisão do cofundador do Mosteiro, Ir. Lucas Mertens.
Ir. Lucas Mertens Olaria de Itaporanga

Ir. Lucas Mertens, cofundador do Mosteiro, na Olaria do Mosteirinho de São José.

Construcao da Igreja de Itaporanga
Construcao da Igreja de Itaporanga 2

Construção da Igreja Abacial e Paroquial de São João Batista.

Sóbria, mas não privada de sensibilidade pastoral, a Igreja de São João Batista foi ornada com belíssimos mosaicos feitos pelo artista alemão Lorenz Johanes Heilmair: do Estúdio Arte Sul: os da Via Sacra, uma vez que o Mosteiro é dedicado à Nossa Senhora da Santa Cruz, e também um grande mosaico de Nossa Senhora da Assunção, à qual se dirige toda a Ordem Cisterciense, além de um mosaico representando São João Batista, espécime senão protótipo do anacoreta cristão (ainda que não fosse monge), e de São Bernardo de Claraval, grande difusor da Ordem Cisterciense na Europa (ainda que não tenha sido seu fundador). Um fato curioso é que, vista de longe, Nossa Senhora, representada no mosaico, parece estar carregando Jesus crucificado. Segundo fontes seguras, Heilmair havia insipirado-se em sua esposa para realizar os traços do rosto de Nossa Senhora.
Mosaico de N. Sra. da Assuncao Lorenz Heilmair
Mosaico de N. Sra. da Assuncao Lorenz Heilmair 2

Mosaico de N. Sra. da Assunção feita por volta de 1967 por Lorenz Johanes Heilmair
do Estúdio Arte Sul.

No templo ainda se destacam os vitrais multicolores, igualmente feitos por Lorenz Heilmair, dentre os quais se sobressai o azul da nave central que alude ao manto da Virgem Maria; e nessa alusão à Nossa Senhora também se notam diversas representações de margaridas, que simbolizam não apenas a pureza, mas também o sofrimento e o martírio, conforme a simbologia medieval. As margaridas (em latim margarita: pérola) são ornadas com pequenas peças vermelhas, que aludem a gotas de sangue, representando ainda, não apenas o martírio dos cristãos, mas, principalmente, ao sacrifício enfrentado pela comunidade cisterciense para erguer essa Casa de Oração e, sobretudo, devido a três membros da comunidade que morreram em prol da edificação da Abadia de Nossa Senhora da Santa Cruz: Ir. Remígio de Oliveira, o qual se ofereceu a Deus para morrer no lugar de seu Abade Dom Atanásio, que estava gravemente enfermo do estômago, vindo milagrosamente a se recuperar após a morte do irmão em 1959, do qual sempre veio a se recordar com lágrimas nos olhos; além do Pe. José Carlos Simões, e do próprio Ir. Nivardo Nüdling, mestre de obras de todo o complexo abacial de Itaporanga, os quais faleceram em 1965, na ocasião em que voltavam de Santa Catarina para a aquisição do mármore para o piso da Igreja.

Vitral Lorenz Heilmair
Vitral Lorenz Heilmair 2

Vitrais da Igreja de São João Batista feitos por Lorenz Johanes Heilmair do Estúdio Arte Sul.

A Igreja de São João Batista também foi presentada com 5 sinos encomendados por Dom Mauro Schmidt, Abade de Himmerod, casa mãe da Abadia de Itaporanga, fabricados em 1964 pela fundidora Alemã Rudolf Perner, sendo eles: São Bernardo (275 kg, nota Dó), São José (405 kg, nota Si bemol), São João Batista (688 kg, nota Sol), Nossa Senhora da Assunção (952 kg, nota Fa), Santa Cruz (1256 kg, nota Mi bemol). Os cinco sinos, ao serem tocados em conjunto, compõe a escala pentatônica de Dó menor e Mi bemol.

Os sinos foram bentos e instalados no ano de 1966, e foram restaurados sob a supervisão de Pe. Eugênio Monteiro, O. Cist. em 1985, após 496 horas de trabalho árduo devido a danos ocasionados por uma descarga elétrica.

Sinos Rudolf Perner

Os grandiosos sinos fabricados pela empresa Rudolf Perner em 1964 por ordem de Dom Abade Mauro Schmidt de Himmerod.

Em meados da década de 1980, o 2º Abade de Itaporanga, Dom Estevam Stork, encomendou ao artista plástico Claudio Pastro, uma reforma na Capela do Santíssimo Sacramento, na qual foram feitos dois afrescos: a Theotókos – a Bem Aventurada Virgem Maria e o Pantokrátor – Nosso Senhor Jesus Cristo. Embora a obra tenha sido posteriormente criticada pelo próprio autor, a mesma deve ser considerada como parte de sua primeira fase como artista plástico.

Theotokos Claudio Pastro
Pantokrator Claudio Pastro

Ícones da Capela do Santíssimo Sacramento feitos por Claudio Pastro.

Graças à perseverança de Dom Atanásio Merkle e de sua comunidade cisterciense, e sobretudo à generosidade de numerosos benfeitores europeus, sobretudo da diocese de Tréveris e de Colônia, que colaboraram em quase uma década para a sua construção por insistência dos monges, a Igreja pôde ser solenemente consagrada em 1967 pelo Núncio Apostólico Dom Sebastião Baggio, juntamente com Dom José Carlos de Aguirre e seu coadjutor Dom José Melhado, bem como o arcebispo de Botucatu, Dom Fr. Henrique Golland Trindade, O. F. M., apesar da resistência de vários paroquianos que protestaram na cúria diocesana contra a sua construção. Em 2017, a Igreja completou 50 anos de dedicação, sendo celebrada jubilosamente pela comunidade monástica e pelo então Abade Dom Celso Lourenço de Oliveira, que também esteve presente na sua consagração em 1967.
Dom Atanasio Merkle

Dom Atanásio Merkle, idealizador, fundador e construtor da Igreja Abacial e Paroquial de São João Batista.

Igreja de Sao Joao Batista
Igreja de Sao Joao Batista 3
Igreja de Sao Joao Batista 2

Igreja Abacial e Paroquial de São João Batista, anexa à Abadia de Nossa Senhora da Santa Cruz.

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