Igreja Abacial e Paroquial
A Igreja Abacial e Paroquial de Itaporanga, construída entre 1959 e 1967, é uma construção predominantemente neorromânica, projetada pelo alemão Dr. Albert Bosslet, sendo dedicada à Nossa Senhora da Assunção, padroeira de todas as igrejas da Ordem Cisterciense, e também a São João Batista, padroeiro paroquial do município de Itaporanga.
A dedicação à Nossa Senhora da Assunção remonta ao fato de que todas as igrejas cistercienses são histórica e juridicamente consagradas à Virgem Maria sob o título da Assunção, “Rainha do Céu e da Terra”, o que revela a profunda identificação da Ordem com a devoção mariana como parte integrante de sua espiritualidade, cuja solenidade se celebra a 15 de agosto.
Como nossos predecessores e pais vieram originalmente da igreja de Molesme, dedicada em honra de Maria Santíssima, ao lugar de Citeaux, de onde nós mesmos nos originamos, decretamos que todas as nossas igrejas e as de nossos sucessores sejam fundadas e dedicadas em memória da mesma Rainha do céu e da terra, Maria.
Narrative and Legislative Texts from Early Citeaux, 1999, p. 463
A dedicação a São João Batista, por sua vez, deve-se à transferência oficial da sede paroquial do município de Itaporanga para o Mosteiro em 1967, ano da consagração da Igreja Abacial, que passou a ser também a igreja paroquial. A história da Paróquia de São João Batista, contudo, remonta ao ano de 1855, quando o frade capuchinho italiano, Pacífico de Montefalco, levando a cabo sua missão evangelizadora para com os habitantes da região, ergue uma capela e torna-se o primeiro vigário de Itaporanga, então denominada São João Batista do Rio Verde, cujas terras, então parte da Vila de Faxina (hoje Itapeva – SP), foram doadas pelo Barão de Antonina, João da Silva Machado, à diocese de Sorocaba.
Em meados de 1936, todavia, a antiga Igreja paroquial de São João Batista, que havia sido palco de crimes por motivos políticos, foi demolida a pedido do bispo de Sorocaba, Dom José Carlos de Aguirre, que então se preparava para a recepção dos cistercienses, não apenas para cultivar as terras, conforme a espiritualidade beneditina e a tradição da Ordem Cisterciense, mas também para dar assistência religiosa aos paroquianos que, na época, estavam desprovidos de matriz paroquial, contando apenas com a Capela do Bom Jesus.
Antiga Capela de São João Batista do Rio Verde, demolida em meados da década de 1930.
Professor Dr. Albert Bosslet e o seu desenho da fachada da Igreja do Mosteiro.
Ir. Lucas Mertens, cofundador do Mosteiro, na Olaria do Mosteirinho de São José.
Construção da Igreja.
Mosaico de N. Sra. da Assunção feita por volta de 1967 por Lorenz Johanes Heilmair
do Estúdio Arte Sul.
No templo ainda se destacam os vitrais multicolores, igualmente feitos por Lorenz Heilmair, dentre os quais se sobressai o azul da nave central que alude ao manto da Virgem Maria; e nessa alusão à Nossa Senhora também se notam diversas representações de margaridas, que simbolizam não apenas a pureza, mas também o sofrimento e o martírio, conforme a simbologia medieval. As margaridas (em latim margarita: pérola) são ornadas com pequenas peças vermelhas, que aludem a gotas de sangue, representando ainda, não apenas o martírio dos cristãos, mas, principalmente, ao sacrifício enfrentado pela comunidade cisterciense para erguer essa Casa de Oração e, sobretudo, devido a três membros da comunidade que morreram em prol da edificação do Mosteiro: Ir. Remígio de Oliveira, o qual se ofereceu a Deus para morrer no lugar de seu Abade Dom Atanásio, que estava gravemente enfermo do estômago, vindo milagrosamente a se recuperar após a morte do irmão em 1959, do qual sempre veio a se recordar com lágrimas nos olhos; além do Pe. José Carlos Simões, e do próprio Ir. Nivardo Nüdling, mestre de obras de todo o complexo abacial de Itaporanga, os quais faleceram em 1965, na ocasião em que voltavam de Santa Catarina para a aquisição do mármore para o piso da Igreja.
Vitrais da Igreja feitos por Lorenz Johanes Heilmair do Estúdio Arte Sul.
A Igreja também possui cinso sinos encomendados por Dom Mauro Schmidt, Abade de Himmerod, casa mãe da Abadia de Itaporanga, fabricados em 1964 pela fundidora Alemã Rudolf Perner, sendo eles: São Bernardo (275 kg, nota Dó), São José (405 kg, nota Si bemol), São João Batista (688 kg, nota Sol), Nossa Senhora da Assunção (952 kg, nota Fa), Santa Cruz (1256 kg, nota Mi bemol). Os cinco sinos, ao serem tocados em conjunto, compõe a escala pentatônica de Dó menor e Mi bemol.
Os sinos foram bentos e instalados no ano de 1966, e foram restaurados sob a supervisão de Pe. Eugênio Monteiro, O. Cist. em 1985, após 496 horas de trabalho árduo devido a danos ocasionados por uma descarga elétrica.
Os grandiosos sinos fabricados pela empresa Rudolf Perner em 1964 por ordem de Dom Abade Mauro Schmidt de Himmerod.
Em meados da década de 1980, o 2º Abade de Itaporanga, Dom Estevam Stork, encomendou ao artista plástico Claudio Pastro, uma reforma na Capela do Santíssimo Sacramento, na qual foram feitos dois afrescos: a Theotókos – a Bem Aventurada Virgem Maria e o Pantokrátor – Nosso Senhor Jesus Cristo. Embora a obra tenha sido posteriormente criticada pelo próprio autor, a mesma deve ser considerada como parte de sua primeira fase como artista plástico.
Ícones da Capela do Santíssimo Sacramento feitos por Claudio Pastro.
Dom Atanásio Merkle, idealizador, fundador e construtor da Igreja Abacial e Paroquial de Itaporanga.
Igreja Abacial e Paroquial, anexa à Abadia de Santa Cruz.